segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Histórias

- Opa, senta aí.
-Valeu. Meu bem, pega uma dessa pra mim? Obrigado. E aí, o que conta de novo?
-Nada de mais, cara. Na mesma. E você?
-Bom, também na mesma. Opa, bem gelada essa. E aí o que fez?
-O de sempre, ultimamente eles andam comportados, andam pagando direitinho, não to nem usando mais o porrete, meu berro não grita a meses.
-Legal, melhor assim. Hoje foi um dia de cão pra mim.
- O que rolou?
-Hoje tive que ir com o Colin.
-Puta que pariu! Sério?
-Sim cara...
-E como foi?
-Como você acha que foi?
-Como posso saber , porra?
-Então vou te contar. Tinhamos um trabalho no porto, coisa simples, era só ir lá pegar a grana, conferir a mercadoria e pronto, mais nada. O trabalho era para ser apenas meu e do Joe, mas maldito seja a porra do destino, o Colin tava de bobeira no bar e decidiu ir junto. Juro por Deus, cara, na hora que ele falou que ia conosco eu arrepiei todo, é como se o cara não estivesse nem fudendo pra nada, ele pegou seu berro, armou e entrou no carro. O chefe não disse nada, talvez pensou que era melhor pra ter uma segurança a mais. Enfim, andar com aquele cara no carro não é nada legal, o cara olhava para frente fixo, como se a gente não estive ali e ficou assim por todo trajeto, sem dar um pio. Nem o Joe, que fala como o demônio, abriu a boca. Chegando lá, os chinas estavam todos alinhados, daquele mesmo jeito que você conhece. Depois de tudo certo, nós com a grana e eles com a mercadoria conferida, um daqueles cães tirou sarro da camisa do Colin, por causa de um maldito furo. Nessa hora eu vi que ia dar merda e fui me afastando lentamente, assim como o Joe, mas o Colin, olhou pro china cara, era como se ele olhasse para uma parede e blam! Na testa do cara! Foi muito rápido, tão rápido que ele ainda matou mais três no embalo. O quarto china tentou sacar e tomou um na mão, foi ai que o Colin tirou a porra do facão da jaqueta e e cortou pedaços do china e foi jogando no mar. Depois disso ele vira pra nós e diz: "Joe..." Cara, nessa hora o Joe começou a chorar e o Colin disse: "... toma aqui para limpar o sangue que espirou na sua cara." E entregou um lenço para ele, entrou no carro e ficou olhando pra frente como sempre.
-Jesus Cristo...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

comp= 6x10(-34)/(90*833.333333333333)

Esse é meu comprimento de onda, usando a equação de De Broglie.

Agradecimentos ao Breno que me ensinou a fórmula!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Agir

Certa vez um jovem samurai senta defronte à seu pai e lhe diz o seguinte:

- Pai, não consigo mais matar.

Seu pai, um samurai de posto mediano nas fileiras do exército do daimyo se surpreende, pois havia treinado seu filho de maneira exemplar na arte de matar com apenas um corte, e via que ele se aprimorava a cada dia mais nessa arte, superando assim em muito sua própria habilidade. Pois seu filho sempre teve o dom para matar, não como um assassino qualquer, mas como um samurai, com destreza, honra e necessidade. Assim, seu pai lhe pergunta o motivo, o qual é prontamente respondido:

- Pai, tenho apenas dezesseis anos, minha primeira esposa espera meu primeiro filho. Já matei dez pessoas com minha técnica e garanto que nenhuma delas sentiu dor e teve uma morte deshonrada, mas hoje eu precisei matar uma criança, e quando fui lhe desferir o golpe, vi que seus olhos não expressavam medo ou ódio, apenas incompreensão. Se não há compreensão, não há motivo, se não há motivo, não há razão e se não há razão, não há necessidade. Por isso pai, não tenho mais vontade de matar.

Então seu pai calmamente levanta-se e lhe desfere um golpe certeiro no pescoço, degolando assim seu próprio filho. Ao limpar o sangue da lâmina e embainhar sua espada ele diz:

- Filho, você nasceu samurai e morreu samurai. Não importa se não há motivo, é sua obrigação servir, assim como é obrigação da chuva molhar os campos de trigo e do sol iluminar cada dia. Espero que compreenda isso melhor agora.