segunda-feira, 10 de março de 2008

Histórias

Caminhando devagar pela praça, cruzando com várias pessoas na rua, ele vai dialogando consigo mesmo e tentando descobrir coisas que eventualmente ele irá esquecer nos próximos segundo. Então de súbito ele para e acha uma pequena pedra cor de âmbar, dessas que brilham douradamente ao refletir a luz solar numa manhã calma de domingo. Bem lentamente ele pega a pedra, sorri e a põe no bolso.

Horas depois ele se encontra numa avenida bem movimentada e a pedra em seu bolso começa a esquentar, porém ele não nota o calor mas começa a suar chegando a molhar sua camisa. É um calor infernal, daqueles que somente é visto nos dias mais quente de verão e prestem bem a atenção era inverno, mas ele não se dá conta de que o calor vem da pedra em seu bolso e olhando para o céu, vendo aquele sol a pino do meio-dia, mas enfraquecido pela estação no qual se encontra posicionado ignora que o fato vem daquele pequenino objeto em seu bolso.

Anoitece e o coitado ainda suando feito uma mula de carga, seus olhos estão fundos e sua boca seca. Cada gota d'água evapora em sua língua e ele se sente obrigado a tirar a roupa quando chega finalmente em seu quarto, ai tudo revira em sua mente, caindo num topor onírico onde lutas selvagens se intercalam com pequenas borboletas esvoaçantes nos campos.

Ao acordar ele pega sua roupa molhada de suor e a atira no cesto de roupas sujas. Vestindo um pijama quente ele volta para sua cama e deita adormecendo rapidamente para voltar a sonhar com coelhos vermelhos do Himalaia.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Histórias

-Então é assim? Desse jeito?
-Sim, desse jeito...
-Mas...
-Nem um "mas", já deu o que tinha que dar, não tem porque prolongarmos ainda mais isso tudo.
-Eu sei, mas sei lá, sempre é difícil...
-É, sempre, e com você ainda mais difícil...
-Sempre eu, como se você também não tivesse uma parte nisso, não é?
-Eu? Você que começou com essas cobranças todas, e aí veio me dizen...
-DIZENDO O QUÊ?? Para com isso!! Seja pelo menos sincera uma vez na vida! Quem tinha que ficar sempre por sua conta era eu! Você, tudo que envolvia era você! Aí quando resolvo parar com essa palhaçada toda você fala isso!? Olha, realmente já chega mesmo...

Então ela começa a chorar como uma criança mimada que quer a atenção para si, ele revoltado levanta-se, pega um papel em seu bolso e o atira no colo dela, dizendo:

-Toma! Não vale mais a pena isso...
-O que é isso?
-Leia!! Sabe ler não??
-Grosso!! É por essas e outras que...
-Que o quê!? Você é muito injusta mesmo, Deus do céu, olha cansei, tá bom? Vou indo...
-Espera um pouco!
-Não!

E assim ele foi embora, ela lentamente pegou o papel e por um breve momento teve a vontade de rasga-lo em mil pedaços, mas sua curiosidade era maior. O desdobrou, bem lentamente, temia que era um bilhete romantico, daqueles que ele costumava escrever para ela, e assim com as lágrimas escorrendo e molhando com grossos pingos o papel, ela lia:

"Se o amor fosse grande o bastante, ele não seria amor.
Se a dor fosse pequena o bastante, então seria rancor.
Mas se nós dois fossemos sinceros o bastante,
Se fossemos felizes o bastante,
E humanos o bastante,
Eu não teria que lhe dizer que te esqueci à muito tempo."