quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Agir

Certa vez um jovem samurai senta defronte à seu pai e lhe diz o seguinte:

- Pai, não consigo mais matar.

Seu pai, um samurai de posto mediano nas fileiras do exército do daimyo se surpreende, pois havia treinado seu filho de maneira exemplar na arte de matar com apenas um corte, e via que ele se aprimorava a cada dia mais nessa arte, superando assim em muito sua própria habilidade. Pois seu filho sempre teve o dom para matar, não como um assassino qualquer, mas como um samurai, com destreza, honra e necessidade. Assim, seu pai lhe pergunta o motivo, o qual é prontamente respondido:

- Pai, tenho apenas dezesseis anos, minha primeira esposa espera meu primeiro filho. Já matei dez pessoas com minha técnica e garanto que nenhuma delas sentiu dor e teve uma morte deshonrada, mas hoje eu precisei matar uma criança, e quando fui lhe desferir o golpe, vi que seus olhos não expressavam medo ou ódio, apenas incompreensão. Se não há compreensão, não há motivo, se não há motivo, não há razão e se não há razão, não há necessidade. Por isso pai, não tenho mais vontade de matar.

Então seu pai calmamente levanta-se e lhe desfere um golpe certeiro no pescoço, degolando assim seu próprio filho. Ao limpar o sangue da lâmina e embainhar sua espada ele diz:

- Filho, você nasceu samurai e morreu samurai. Não importa se não há motivo, é sua obrigação servir, assim como é obrigação da chuva molhar os campos de trigo e do sol iluminar cada dia. Espero que compreenda isso melhor agora.

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